O Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) desempenhou uma participação expressiva no 2nd Brazilian BioEnergy Science and Technology Conference (BBEST), um dos principais eventos científicos sobre bioenergia do Brasil. Tal participação contemplou apresentações orais e de pôsteres, assim como a premiação de dois trabalhos de pós-graduação. Um deles venceu a premiação especial do evento, intitulada BE-Basic International Design Competition for Students.
Os ganhadores da competição do BE-Basic foram os alunos de pós-graduação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Victor Coelho Geraldo e Jessica Marcon Bressanin. Os dois desenvolveram no CTBE um plano de negócios para a produção de Ácido Poliláctico (PLA) em uma usina de etanol de primeira geração, a partir dos açúcares presentes no caldo da cana.
O PLA é um biopolímero que pode ser utilizado como plástico, biodegradável ou não, em diversas aplicações. Coelho explica que algumas empresas já produzem esse composto a partir do amido de milho ou açúcar refinado. “A vantagem do processo abordado no nosso trabalho é que o integramos à uma usina de etanol convencional, com cogeração de eletricidade. Isso aumenta o retorno financeiro, pois aproveita o vapor e a eletricidade gerados na própria usina, além de empregar o caldo da cana como matéria-prima, sem ter de refiná-lo”, explica Coelho.
Simulações computacionais foram realizadas na Biorrefinaria Virtual de Cana-de-açúcar (BVC) do CTBE para avaliar o balanço de massas e energia do processo, os equipamentos necessários à implementação da tecnologia e os impactos econômicos, ambientais e sociais relacionados. O trabalho foi premiado com R$ 7.500,00 para que os autores possam levar o projeto adiante ou aprimorar suas habilidades empreendedoras.
Prêmio de melhor pôster do BBEST 2014 na categoria mestrado
Outro trabalho premiado foi o de Lauren Maine Santos Menandro, aluna de mestrado do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), sob co-orientação de João Luis Nunes Carvalho, pesquisador do CTBE. O pôster apresentado por Menandro no BBEST foi eleito o melhor da categoria “Estudante de Mestrado” e agraciado com um iPad.
A pesquisa experimental premiada visa caracterizar os diferentes compartimentos da palha e estimar a quantidade ideal deste material que deve ser deixada no campo para que ocorra a devida proteção do solo e reciclagem de nutrientes. “Esperamos identificar qual tipo de palha, ponteiros ou folhas secas, é mais adequado para permanecer no campo após a colheita da cana ou ir para a indústria, para a produção de etanol 2G e para cogeração de eletricidade”, explica Menandro.
A pesquisa da aluna de mestrado do CTBE está em andamento e resultados preliminares indicam que mais de 70% dos principais macronutrientes da palha (nitrogênio, potássio e fósforo) estão contidos nos ponteiros. Já as folhas secas exibem maior eficiência industrial na cogeração de eletricidade e rendimento de glicose para a produção de etanol 2G. Os experimentos acontecem em canaviais do Estado de São Paulo e de Goiás.
Tais resultados indicam que se deve priorizar a manutenção dos ponteiros no campo e utilizar uma parte das folhas secas na indústria, o que justificaria a implementação da coleta e do transporte seletivos da palha para o setor industrial.
Trabalho premiado na ESPCA de Bioenergia da Unicamp
Paralelamente aos trabalhos premiados no BBEST, a aluna de doutorado da Escola de Engenharia de Lorena (EEL/USP), Patrícia Câmara Miléo, foi premiada na “Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) sobre o Presente e o Futuro da Bioenergia”.
Miléo é orientada pelo pesquisador do CTBE, Adilson Roberto Gonçalves. O seu trabalho Study of the use of lignin as compatibilizer agent in polypropylene composites reinforced with cellulose from sugarcane bagasse foi selecionado como o melhor dos 120 alunos de pós-graduação (60 brasileiros e 60 estrangeiros) participantes do evento.
O estudo premiado aborda a produção de um composto que mistura celulose proveniente do bagaço de cana-de-açúcar e polipropileno. Este pode ser utilizado por diversas indústrias, dentre elas a moveleira e a automobilística. Miléo adicionou lignina (presente na biomassa de cana) ao composto, gerando uma melhora na elasticidade do material, sem impactar suas características. O trabalho foi realizado com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e em colaboração o Swiss Federal Institute of Technology Zürich (ETHZ) e o Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (EMPA Dübendorf).