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Um novo processo de fermentação alcoólica foi desenvolvido no Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), em parceria com a empresa BP. A tecnologia, que possui ganho de eficiência de até 7%, é intitulada VHG (Very High Gravity), sigla em inglês que faz referência à alta concentração de açúcares no caldo fermentativo.
Trata-se de uma fermentação alcóolica contínua multiestágio com reciclo de células, voltada à obtenção de vinhos de alto teor alcóolico – 15% em volume. Tal processo elimina os fatores que limitam a tolerância alcóolica da levedura, como contaminantes, sólidos insolúveis e temperatura. “Somente o etanol permanece como elemento de estresse”, comenta a engenheira e especialista em processos do CTBE, Celina Yamakawa.
A parceria entre o CTBE e a BP teve início no final de 2012 e conta com um investimento de R$ 4 milhões. Inicialmente, testes de laboratórios foram feitos para identificar as configurações ideais do processo e dos equipamentos. Desde julho desse ano o experimento é desenvolvido 24 horas por dia em escala semi-industrial, na Planta Piloto do CTBE, para demonstrar a tecnologia e a sua robustez.
Os pesquisadores trabalham na Planta Piloto com linhagens de leveduras de uso comercial e condições semelhantes às industriais. “Utilizamos tanto mosto esterilizado como apenas clarificado, como ocorre nas usinas. Também permitimos a entrada de contaminantes microbiológicos no processo, como bactérias e leveduras selvagens, para avaliar a dinâmica populacional do sistema”, informa Jonas Nolasco Junior, um dos líderes do projeto no CTBE.
Outro aspecto relevante da tecnologia é o revigoramento celular. Ele restaura o sistema de membranas das leveduras ao final do processo e permite manter sua atividade celular em ponto ótimo durante o próximo ciclo fermentativo. A combinação entre o revigoramento celular e as alterações no processo que eliminam a tolerância alcoólica da levedura dobrou a produtividade atual da fermentação, mantendo a principal característica do processo brasileiro que é o reciclo de células.
Fermentação com 15% em volume de etanol
A média de concentração de etanol nas fermentações industriais brasileiras é de 8,5% em volume. O processo desenvolvido no CTBE atingiu médias de 15% em laboratório e na Planta Piloto.
Nolasco lembra que até recentemente se acreditava que a concentração de etanol na fermentação possuía um limite teórico de 10% em volume, pois ao chegar em 12% as leveduras morriam pelo efeito toxico do etanol produzido. “A tecnologia que desenvolvemos rompeu esse limite sem empregar microrganismos geneticamente modificados para tolerar elevadas concentrações de etanol”, informa Nolasco.
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Produção de vinhaça é reduzida em 60%
A produção de vinhaça durante a fermentação contínua multiestágio é reduzida em 60% devido à maior taxa de conversão alcóolica. Isso diminui o custo global de produção de etanol entre 5 e 7%. “Tal característica representa um grande benefício ao setor, pois o custo da fertirrigação do solo com vinhaça, que recicla os nutrientes extraídos durante o corte da cana, é elevado. Sem contar que a superdosagem desse material pode contaminar solos e lençóis freáticos”, enfatiza Nolasco.
Após a prova de conceito na Planta Piloto, o CTBE entregará à BP o projeto conceitual básico de integração da fermentação VHG a uma unidade típica de produção de etanol, açúcar e eletricidade, além de uma avaliação técnico-econômica do novo processo. A BP possui exclusividade no uso da tecnologia por cinco anos. Após esse prazo, a técnica fica disponível a todo o setor sucroenergético.