Uma das mais importantes conquistas para qualquer profissional do campo científico é, sem dúvidas, o Prêmio Capes de Tese. É essa honra que a pesquisadora e especialista em bioprocessos do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Priscila Delabona, faz questão de comemorar e acrescentar ao currículo. Ela viaja a Brasília para a cerimônia de entrega dos prêmios que ocorre nesta quarta, 14, na sede da Capes.
Delabona é autora da tese “, defendida em março de 2015 sob orientação do Prof. Dr. José Geraldo da Cruz Pradella, e da pesquisadora da Embrapa Instrumentação, Cristiane Sanches Farinas, ambos vinculados ao programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).
Delabona em laboratório do CTBE: pesquisa de alto nível em biomassa com micro-organismos (Foto: Divulgação CTBE)
A tese da pesquisadora explora um caminho alternativo para otimizar o processo de fermentação , utilizando para isso micro-organismos (fungos filamentosos) encontrados num ambiente bastante peculiar: o solo da floresta amazônica. A pesquisadora desenvolveu uma plataforma de produção de enzimas capazes de penetrar na biomassa e fazer a quebra dos açúcares.
Entendendo o processo
A produção desse complexo de enzimas se dá pela fermentação do fungo Trichoderma harzianum (pertencentes à família Hypocreaceae) no bagaço de cana-de-açúcar. Foram estudados também outros indutores para alimentar os micro-organismos e potencializar a produção enzimática. “Substratos como o glicerol, farelo de trigo, de soja e a própria sacarose são baratos e abundantes no Brasil”, conta a pesquisadora.
Uma das inovações presentes na tese de doutorado foi a descoberta de uma estratégia para o aumento da produção enzimática em duas fases: na primeira etapa o glicerol, que é uma fonte extremamente barata, é utilizado para aumentar a biomassa fúngica; em seguida, o bagaço de cana é combinado à biomassa para indução da produção enzimática. “A enzima representa cerca de 30% do custo do etanol de segunda geração. Encontrar uma estratégia para baratear a produção de enzimas é um caminho para tornar cada vez mais viável a produção de etanol de segunda geração”, explica a pesquisadora.
Para chegar a estes resultados foi preciso muita dedicação. A pesquisadora aprimorou seus estudos na área de melhoramento genético durante o doutorado sanduíche realizado na Universidade Tecnológica de Viena, na Áustria. Foi com essa experiência que Delabona explorou técnicas avançadas de biologia molecular para desenvolver geneticamente o fungo e aumentar a expressão de indutores enzimáticos. “Essa técnica é responsável por fazer com que a produção das principais enzimas responsáveis pela degradação da biomassa se intensifiquem”, detalha.
Questionada sobre a sensação de receber um Prêmio Capes, Delabona não esconde a felicidade: “quem é da área científica sabe que esse é o maior prêmio de reconhecimento acadêmico. Essa conquista mostra que cumpri meu objetivo com grande êxito durante toda essa trajetória”, comemora.
Parabéns a pesquisadora Delabona, isso é resultado de muito empenho e foco.