Documento visa ampliar cooperação entre países do hemisfério Sul
Publicação lançada na última segunda-feira (02/12/2019) durante a 25ª Conferência das Partes (COP), que está sendo realizada em Madri, na Espanha, apresenta o Projeto SUCRE como uma das ações de sucesso na implementação do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), definidos pela ONU. Denominado “South-South and Triangular Cooperation on the Bioeconomy“, o relatório, produzido pelo Escritório das Nações Unidas para Cooperação Sul-Sul (UNOSSC) e pelo Centro de Estudos e Gestão Estratégicos (CGEE), reúne projetos do hemisfério Sul geridos pela ONU que demonstram como os países em desenvolvimento estão trabalhando em conjunto na promoção de soluções a partir da bioeconomia e como essas soluções podem contribuir para a redução dos gases de efeito estufa.
Como uma iniciativa que visa essencialmente a mitigação das mudanças climáticas através da diminuição da emissão de gases de efeito estufa a partir do uso da palha da cana-de-açúcar para geração de energia elétrica, o SUCRE é um dos nove casos de sucesso destacados na publicação. A partir de acordos de cooperação assinados com instituições de cana-de-açúcar de países como a Guatemala, Colômbia e Argentina, o Projeto busca replicar os resultados obtidos, expandindo dessa forma os benefícios ambientais da biomassa como fonte de eletricidade para além do Brasil, que sozinho já possui grande potencial de mitigar os efeitos ambientais por ser o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo.
Esse relatório pretende servir como um recurso de conhecimento para inspirar, replicar e aprimorar a Cooperação Sul-Sul e Triangular dentro da bioeconomia fornecendo insights para soluções de desenvolvimento práticas e eficazes empreendidas por países do hemisfério Sul. A publicação destaca a importância do compartilhamento de conhecimento sobre tecnologias, práticas e experiências para promover o uso de soluções baseadas na bioeconomia nos países em desenvolvimento.
Sobre o Projeto SUCRE
O Projeto SUCRE (Sugarcane Renewable Electricity) tem como objetivo principal aumentar a produção de eletricidade com baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE) na indústria de cana-de-açúcar, por meio da palha disponibilizada durante a colheita da cana-de-açúcar. Para tanto, a equipe trabalha na identificação e solução dos problemas que impedem as usinas parceiras de gerarem eletricidade de forma plena e sistemática. Com início em junho de 2015, serão ao todo cinco anos de projeto, com financiamento do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, da sigla em inglês para Global Environment Faciliy) de cerca de US$ 7.5 milhões e contrapartida do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) de mais de US$ 3 milhões. No setor privado, o recolhimento e uso da palha para produção de eletricidade alavancou um investimento de cerca de US$ 160 milhões pelas usinas parceiras (grande parte já realizada com a instalação de estações de limpeza a seco, reforma ou compra de caldeiras, turbogeradores, enfardadoras e outros equipamentos). A iniciativa é gerida em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e implementada pelo Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR), que integra o CNPEM.
Sobre o LNBR
O Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) integra o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social qualificada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTIC). O LNBR emprega a biomassa e a biodiversidade brasileiras para resolver desafios relevantes para o País por meio de soluções biotecnológicas que promovam o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais. O Laboratório possui diversas Instalações Abertas a Usuários, incluindo a Planta Piloto para Desenvolvimento de Processos, estrutura singular no país para escalonamento de tecnologias.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Localizado em Campinas-SP, gerencia quatro Laboratórios Nacionais – referências mundiais e abertos às comunidades científica e empresarial. O Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS) está, nesse momento, finalizando a montagem do Sirius, o novo acelerador de elétrons brasileiro; o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) atua na área de biotecnologia com foco na descoberta e desenvolvimento de novos fármacos; o Laboratório Nacional de Biorrenováveis (LNBR) pesquisa soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais, empregando a biomassa e a biodiversidade brasileira; e o Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano) realiza pesquisas científicas e desenvolvimentos tecnológicos em busca de soluções baseadas em nanotecnologia.
Os quatro Laboratórios têm, ainda, projetos próprios de pesquisa e participam da agenda transversal de investigação coordenada pelo CNPEM, que articula instalações e competências científicas em torno de temas estratégicos.