O 3º Workshop de Hidrogênio Verde consolida-se como um espaço estratégico de integração, atualização e debate com os principais atores da cena nacional em hidrogênio de baixo carbono. O evento reúne representantes da academia, da indústria, de órgãos públicos e de agências financiadoras, promovendo a discussão sobre oportunidades e desafios para o avanço dessa tecnologia no Brasil.

Entre os participantes desta edição estiveram especialistas da UNIFEI (Centro de H2 Verde), IPEN, USP, UFSCar, Unicamp, Senai-Cimatec, Itaipu-Parquetec, Senai-Cimatec, WEG, Shell, Carbonic (Startup, RCGI-USP), EPE, FAPESP, MCTI e FINEP. As apresentações abordaram desde soluções energéticas integradas à biomassa até programas institucionais de pesquisa e políticas de fomento à transição energética.
O pesquisador Flávio Leandro de Souza, do CNPEM, organizador das quatro edições, destacou que os workshops refletem a evolução do setor no país: “O CNPEM começa a se consolidar como protagonista no desenvolvimento de uma tecnologia disruptiva e 100% nacional, em que todos os componentes da cadeia são concebidos no Brasil, sem dependência de importações. Isso nos permite pensar em soluções completas e competitivas, com base em recursos abundantes no próprio país”.
Também do CNPEM, o pesquisador Carlos Driemeier (LNBR) apresentou a palestra “Estudos focados no desenvolvimento tecnológico e no uso de hidrogênio de baixo carbono”, na qual avaliou o impacto da tecnologia já comercial (eletrolisadores) no cenário elétrico brasileiro e destacou o potencial do hidrogênio produzido por fotoeletrolise em aplicações descentralizadas, com a incorporação da biomassa nesse contexto.
Paulo Resende, Gerente de Transição Energética da FINEP, apresentou dados que revelam como o setor de energia tem sido um dos campos com os mais altos índices de investimento da instituição desde 2023, embora os aportes específicos para hidrogênio ainda sejam tímidos. Segundo ele, “existe um problema que é o fato de o Brasil ainda não ter uma cadeia industrial madura, nem para fabricação de equipamentos e soluções para hidrogênio, nem para aplicação das soluções industriais que são desenvolvidas. O workshop contribui para a solução, para a superação dessa lacuna que nós temos hoje no país. Nesse sentido, o workshop converge com as diretrizes e as prioridades das políticas tecnológicas do país, razão pela qual ele se torna, na minha opinião, uma ação essencial de realização do CNPEM em prol do adensamento tecnológico, em prol da inovação para esse segmento”.
Chrislaine Marinho, engenheira química na WEG, reflete sobre a realidade atual do hidrogênio de baixo carbono no país. “Hoje ainda é um processo muito caro, mas acredito que investindo agora em tecnologia, aprendendo e entendendo como melhorar, teremos condições de oferecer soluções competitivas quando o mercado estiver mais consolidado.
Para a WEG, o hidrogênio representa um mercado com grande potencial. E está no caminho, desenvolvendo sistemas para geração desse insumo.”
O professor Renato Gonçalves, do Instituto de Física da USP São Carlos, também ressaltou a relevância do encontro: “este é o terceiro workshop do qual participo, e considero um marco porque reúne empresas, órgãos do governo, professores e pesquisadores que atuam na transição energética. Aqui é possível compreender melhor as diretrizes e a direção que o Brasil está tomando em relação ao hidrogênio verde, insumo estratégico para setores como transporte, energia e fertilizantes. É um espaço que integra diferentes lideranças e permite construir uma visão mais ampla da utilização e produção do hidrogênio no Brasil”.
Ao longo de suas edições, o workshop vem acompanhando a evolução do cenário brasileiro de hidrogênio. O primeiro encontro destacou a necessidade de posicionar o Brasil no debate global. A segunda edição avançou para discussões regulatórias. A terceira refletiu a consolidação de normas e o ganho de escala tecnológica. O quarto encontro, agora, amplia o debate para aplicações e rotas diversificadas, como o uso de biomassa, reforçando a contribuição singular do CNPEM para a construção de uma economia de hidrogênio de baixo carbono.
Nos últimos anos, o CNPEM tem se dedicado ao desenvolvimento de dispositivos e novos materiais para eletrólise, catalisadores ultrafinos capazes de reduzir custos e estratégias integradas para aproveitar a biomassa brasileira na rota do hidrogênio verde. Essa combinação de competências acelera a criação de soluções tecnológicas alinhadas ao potencial do Brasil de se tornar um líder global na produção sustentável desse vetor energético.
Sobre o CNPEM
O Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) abriga um ambiente científico de fronteira, multiusuário e multidisciplinar, com ações em diferentes frentes do Sistema Nacional de CT&I. Organização Social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o CNPEM é impulsionado por pesquisas que impactam as áreas de saúde, energia, materiais renováveis e sustentabilidade. Responsável pelo Sirius, maior equipamento científico já construído no País. O CNPEM hoje desenvolve o projeto Orion, complexo laboratorial para pesquisas avançadas em patógenos. Equipes altamente especializadas em ciência e engenharia, infraestruturas sofisticadas abertas à comunidade científica, linhas estratégicas de investigação, projetos inovadores com o setor produtivo e formação de pesquisadores e estudantes compõem os pilares da atuação deste centro único no País, capaz de atuar como ponte entre conhecimento e inovação. As atividades de pesquisa e desenvolvimento do CNPEM são realizadas por seus Laboratórios Nacionais de: Luz Síncrotron (LNLS), Biociências (LNBio), Nanotecnologia (LNNano) e Biorrenováveis (LNBR), além de sua unidade de Tecnologia (DAT) e da Ilum Escola de Ciência, curso de bacharelado em Ciência e Tecnologia, com apoio do Ministério da Educação (MEC).