Três pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) receberam o Prêmio Inventores Unicamp 2016 na categoria “Tecnologia Licenciada” pelo licenciamento da tecnologia “Sistema e processo para monitoramento de processos de fermentação”. O conceito inovador foi desenvolvido pelos pesquisadores Carlos Eduardo Vaz Rossell, Jaciane Lutz Ienczak e pela especialista em processos Celina Kiyomi Yamakawa, em parceria com pesquisadores da Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM) da Unicamp, Carlos Kenichi Suzuki, Eric Fujiwara e Eduardo Ono.
Diante da dificuldade em quantificar o processo da fermentação alcoólica, os pesquisadores desenvolveram um sensor que possibilita monitorar em tempo real a conversão de açúcares no processo. O sensor calcula a velocidade que o açúcar é consumido através de uma derivação numérica, além de medir o teor de açúcar na dorna de fermentação, onde o açúcar é transformado em álcool. A tecnologia permite visualizar a velocidade da fermentação para que quando essa alcance um valor mínimo, próximo de zero, o processo seja interrompido. Os benefícios desse sistema são relevantes para evitar perdas na capacidade de produção e evitar que as leveduras sejam danificadas, já que, caso estejam atuando sem açúcar e na presença de álcool, são submetidas a um grande estresse.
Profissionais reconhecidos
O coordenador da divisão de processamento de biomassa do CTBE e pesquisador Carlos Eduardo Vaz Rossell afirma que o Laboratório tem hoje condições de transferir a tecnologia para o mercado. O sensor foi protegido em cotitularidade (Unicamp e CNPEM) junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e licenciado em caráter não exclusivo para a empresa Optlink, fabricante de componentes para comunicação óptica, de equipamentos óptico-eletrônicos e provedora de serviços especializados. Segundo Rossell, o sistema vai ao encontro da inventividade, um dos requisitos do prêmio, já que esse princípio não havia sido proposto anteriormente. “O conceito de utilizar o sensor para isso é decorrente da experiência anterior que tive”, explica o especialista.
Para o pesquisador, que atua na área de bioprocessos há mais de 30 anos, é uma realização receber o prêmio, especialmente por tratar de uma condecoração relacionada a pesquisa aplicada, a transferência de tecnologia. “É uma grande satisfação receber este prêmio. Sempre me dediquei mais a pesquisa aplicada do que a pesquisa fundamental. Isso para mim é um assunto que me provoca satisfação”, relata a respeito de suas considerações pessoais.
Com 18 anos de experiência na área de bioprocessos, a pesquisadora Jaciane Lutz Ienczak fala sobre a importância do prêmio para ela e especialmente para o Laboratório. “O CTBE merece este prêmio porque reúne uma estrutura fantástica, com profissionais de altíssimo nível e está localizado em um polo para fermentação de etanol do Brasil. Esse prêmio vem ao encontro de todo o trabalho que todos os meus colegas vêm desenvolvendo”, diz. Segundo a pesquisadora, que está no Laboratório desde o final de 2011, o CTBE, inaugurado em 2010, colhe agora os frutos de tudo o que já vem produzindo de pesquisa ao longo dos anos. Para a especialista em processos Celina Kiyomi Yamakawa foi uma surpresa a premiação. “Significa uma conquista do Laboratório, por estar cumprindo a missão de contribuir com o avanço tecnológico do País através da redução do custo de produção do bioetanol”, afirma.