Sensores de solo e planta e um triturador de palha instalado na colhedora de cana-de-açúcar. Essas foram as tecnologias apresentadas por especialistas do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) no INOVACANA, evento promovido pelo Grupo IDEA, em Ribeirão Preto, nos dias 09 e 10 de agosto de 2017. O CTBE é um dos quatro Laboratórios Nacionais que compõem o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM).
Na sessão de inovações em equipamentos agrícolas, o engenheiro do CTBE Jorge Mangolini Neves apresentou uma tecnologia que será utilizada no Projeto SUCRE, uma iniciativa do CTBE que busca promover um ambiente favorável para elevar a geração de energia a partir de palha de cana-de-açúcar, que pode aumentar em sete vezes os números da atual geração. O triturador de palha instalado na colhedora apresenta benefícios para o solo e para a carga de colmos, que é levada à usina com menor teor de impurezas vegetais. A aposta é que essa tecnologia eleve a eficiência da estação de limpeza a seco, sistema utilizado por algumas usinas sucroenergéticas para retirar impurezas vegetais e minerais da cana-de-açúcar colhida mecanicamente, com o intuito de aumentar a extração do caldo na moagem e possibilitar um melhor aproveitamento da palha para geração de energia.
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O uso de sensores de solo e planta na cultura de cana-de-açúcar foi o tema da apresentação do especialista do CTBE, Guilherme Matineli Sanches. Na sessão de agricultura de precisão, a palestra de Sanches expõe de que forma essa prática agrícola possibilita, por meio do uso de tecnologias disponíveis, identificar variabilidade no vigor de vegetação dentro de cada talhão da plantação e adquirir proveitos econômicos e ambientais. “Dentro de um talhão podem existir diferentes tipos de solo que influenciam na cultura, por isso, é necessário identificar essa variabilidade e aplicar manejos diferenciados para atingir o potencial produtivo de cada área”, explica o especialista.
Existem diversas tecnologias disponíveis que auxiliam a identificar essa variação de características na cultura. Uma delas, apresentada por Sanches, é o sensor de condutividade elétrica aparente do solo, que identifica as propriedades do solo, por meio da corrente elétrica emitida e captada pelo equipamento. “A corrente elétrica emitida por esse sensor é influenciada pelas propriedades daquele solo. Uma superfície mais condutiva indica um solo mais argiloso, pois, por possuir partículas menores, estas são mais agregadas e, com isso, conduzem melhor a eletricidade”, exemplifica. Essa tecnologia permite gerar um mapa de condutividade elétrica aparente do solo, auxiliando na identificação das características de fertilidade de cada área e apontando zonas de manejo específicas.
Outra tecnologia, apresentada por Sanches, auxilia na definição do manejo correto para cada área, trata-se do sensor de refletância da planta, que identifica o vigor vegetativo da cultura a partir da coloração da cana-de-açúcar. A partir dos dados obtidos com esse equipamento é possível criar um mapa do vigor vegetativo da cultura e, unindo a outros fatores, aplicar tratamentos diferenciados para cada região. Em estudo realizado pelo CTBE, com a utilização do sensor de refletância da planta e conhecimentos agrônomos, foi possível elaborar um mapa do estado nutricional da lavoura e obter uma economia de cerca de 9,5 toneladas de nitrato de amônio, um adubo nitrogenado, utilizado como fertilizante nos canaviais.
À esquerda, mapa de área de cana-de-açúcar com uma taxa fixa de 31,3 toneladas de nitrato de amônio e, à direita, a mesma área, mas com os dados específicos do vigor da planta, indicando a necessidade de uma aplicação total de 21,8 toneladas do adubo | Imagens: CTBE/CNPEM
Sanches explica que existem duas vertentes de sensoriamento, termo referente ao procedimento utilizado para detectar as condições químicas e físicas dos solos em sensores na agricultura de precisão. O sensoriamento proximal, com o uso de sensores próximos à cultura, e o sensoriamento remoto, a partir de câmeras instaladas em satélites, aviões e drones. Enquanto que o sensoriamento remoto é mais adequado para avaliações relacionadas à planta, o sensoriamento proximal é utilizado para avaliações do solo, considerando a existência de palha e plantação que impedem a identificação de equipamentos remotos. Outras diferenças entre um e outro são: a resolução e o tempo de avaliação – critérios que são maiores quando os sensores estão próximos da cultura.