Estudos conduzidos por pesquisadores do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE) e de Biociências (LNBio) alçaram, recentemente, voos mais altos ao serem citados por pesquisadores influentes. “Temos muito o que comemorar”, pontua Mário Murakami, coordenador da Divisão Molecular no CTBE e pesquisador responsável pelos estudos citados nos artigos de revisão (confira a lista no final da reportagem).
Os artigos do CTBE exploram as potencialidades de novas estratégias enzimáticas para o uso de diferentes açucares presentes em biomassas (palha e o bagaço da cana-de-açúcar) na geração de produtos presentes no cotidiano, como o Etanol 2G, evolução do biocombustível atualmente consumido.
“Institutos de Pesquisa de todo o mundo estão dedicando tempo e recursos a fim de tornar viável a utilização de biomassas para obtenção de Biocombustíveis avançados e outros elementos indispensáveis às indústrias químicas, de nutrição animal e de alimentos e bebidas”, revela Murakami. Cabe destacar que em tempos de preocupações com aquecimento global essa expertise pode aumentar a disponibilidade de combustíveis verdes e reduzir a dependência por recursos não renováveis.
Os textos que se referem aos estudos do CTBE são artigos de revisão de literatura, isso significa que os autores se preocuparam em selecionar apenas os estudos considerados o “estado da arte” sobre as pesquisas em transformação de biomassa vegetal.
Os papers são de autoria de Harry Brummer (et al.), Marianne Rooman (et al.) e Priit Väljamäe (et al.), líderes mundiais em suas respectivas áreas de pesquisa, e foram publicados em revistas de grande repercussão na comunidade científica: Current Opinion in Structural Biology (2016 e 2017), editada pela Elsevier com fator de impacto 8.85, e na Biotechnology for Biofuels (2017), editada pela BioMed Central com fator de impacto 6.44. “Nós constituímos parte substancial destes artigos de revisão e somos reconhecidos como fonte de importantes informações no campo de pesquisa. Isso reforça nossa importância na ciência mundial”, avalia Murakami.
O Brasil está na vanguarda da pesquisa em Biocombustíveis e destaca-se pela disponibilidade de matéria-prima e pelos estudos de alto nível que há muito tempo são realizados no Centro Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Materiais (CNPEM) por meio de seus Laboratórios. Os desafios agora se baseiam em melhorar a utilização de biomassas como a palha e o bagaço da cana-de-açúcar, abundantes no país. “Nos dedicamos a descobrir novas estratégias e desenvolver enzimas mais eficientes no processo de despolimerização [conversão de polissacarídeos em monossacarídeos] para obtenção, por exemplo, de Etanol 2G”, explica.
Para Brumer (et al.), análises apresentadas por pesquisadores do CTBE são “elegantes” e “aprofundadas” (Foto: Reprodução)
De acordo com o pesquisador do CTBE existe uma infinidade de enzimas a serem estudadas e descobertas. “No âmbito bioquímico, temos noção que menos de 1% das enzimas ativas sobre biomassa vegetal foram caracterizadas [reportadas em artigos científicos]”, exemplifica. “Já do ponto de vista estrutural, ou seja, quando a arquitetura molecular das enzimas é elucidada, majoritariamente pelo uso de luz síncrotron produzidas por aceleradores de partículas como o LNLS (Laboratório Nacional de Luz Síncroton), a quantidade de pesquisas é ainda menor. Há muito trabalho pela frente e a descoberta de novas rotas bioquímicas pode ser a chave para viabilizar uma diversidade de processos associados ao uso de biomassa vegetal”, conclui Murakami.
Confira os artigos de pesquisadores do CTBE citados nos estudos
Os artigos publicados por pesquisadores do CTBE foram liderados pelo cientista Mário Murakami, coordenador da Divisão Molecular. O resumo dos papers pode ser acessado pelos links abaixo. O acesso completo aos artigos é possível caso sua instituição seja credenciada ao Portal de Periódicos CAPES.
Structural basis for glucose tolerance in GH1 β-glucosidases (2014: Priscila Giuseppe; Flavio Souza; et al.)
Structural Basis for Xyloglucan Specificity and α‑D‑Xylp(1 → 6)‑D‑Glcp Recognition at the −1 Subsite within the GH5 Family (2015: Camila Ramos dos Santos; Rosa Lorizolla Cordeiro; et al.)
Oligomerization as a strategy for cold adaptation: Structure and dynamics of the GH1 β-glucosidase from Exiguobacterium antarcticum B7 (2016: Leticia Maria Zanphorlin; Priscila Giuseppe; et al.)